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  • Renata Boa Sorte

Em pleno mar

Atualizado: 23 de fev. de 2021

Por: Farias, Batista, Gomes e Tavares


A disseminação do novo COVID-19 tem correlata comparação do ódio ao povo negro, conforme narrou Castro Alves.


FONTE:Navio Costa Fascinosa permanece em quarentena no Porto de Santos, no litoral de São Paulo — Foto: Solange Freitas/G1

O isolamento dos escravos nos navios negreiros, conforme o poeta Castro Alves, mostra a dimensão das raízes mais profundas do ódio. Aspecto que nos remete a falta de liberdade que vivemos atualmente, em decorrência de uma ameaça invisível: a propagação do vírus.

FONTE: NEGROS no fundo do porão [O Navio Negreiro]. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020.Navio negreiro por Rugendas

Em decorrência da pandemia, todas as tripulações ficaram confinadas sem saber o dia da abolição! Quem imaginava que em pleno século XXI, com todo o aparato tecnológico, um vírus advindo de um morcego mataria tantas pessoas, e encarceraria outras em seus próprios destinos? Despertando a angustia de uns, que, sem saber como ajudar, perguntam “qual dos dois é o céu, qual o oceano?”.

Fazendo um paralelo ao cenário atual, neste período de pandemia, vivemos a mesma angustia e a semelhante crueldade narrada pelo poeta. Muitos navios foram e estão sendo impedidos de atracar nos portos, pois alguns tripulantes contraíram a Covid-19. O pânico de estar preso em um navio onde existem pessoas contaminadas é imenso, o alto índice de disseminação do vírus se faz veementemente presente em locais fechados. Onde se isolar quando o limite é o céu e o mar? A falta de humanidade no período da escravidão, nos leva a fazer uma analogia, em certo sentido, com as autoridades governamentais, que estão impedindo o desembarque e nem sequer dando suporte a esses tripulantes.

Encarcerados em navios, mesmo as pessoas sãs têm sua liberdade cerceada pelo risco da contaminação, assim como aos negros foi privada a liberdade de escolha do próprio destino.

FONTE: Restaurante do cruzeiro permaneceu lotado durante a viagem que durou três noites — Foto: Arquivo Pessoal – G1.

Ocorre que, a incerteza de um lugar que os acolham, aumenta o pânico da tripulação e na mesma proporção, a angústia de seus familiares. Somado a isso, líderes mundiais se mostram omissos em oferecer solução ao desembarque dos passageiros para finalizar tal situação. Assim como descreveu o poeta, o mar, naquele momento não representaria a melhor escolha para quem esperaria a morte, ou travaria a luta pela vida.

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