Por: Bastos, Veloso e Júnior
Sabe-se que a cultura do consumo de álcool foi construída em torno do público masculino. No entanto, com o crescente empoderamento feminino, as mulheres estão conquistando espaços, antes majoritariamente masculinos. Nessa mesma perspectiva, com a inserção da mulher no mercado de trabalho, tornou-se perceptível o surgimento de uma série de problemas, onde grande parte delas encontrou-se no consumo do álcool uma válvula de escape.
Todavia, tal jogo é perigoso e vem evidenciando um crescente número de morbidades devido ao vício entre esse grupo. Na esfera biológica, existem diferenças que influenciam o consumo de álcool entre homens e mulheres, uma delas é que o sexo feminino possui menor capacidade de sintetizar o álcool no organismo. Isso explica o porquê da quantidade crescente de indivíduos do gênero feminino que adquirem doenças relacionadas ao alcoolismo na contemporaneidade,.
O jogo não termina por aqui e traz um desafio ainda mais complexo para as mulheres, o tratamento. Às vezes o único apoio disponível, são os grupos de Alcoólicos Anônimos, ambiente que em sua maioria é masculino, o que as faz se sentirem hostilizadas, principalmente por conta do machismo, levando à evasão e dificultando a saída do vício.
Acertadamente, Simone de Beauvoir sintetiza a dramática situação na qual vivem não só essas mulheres, mas também todos os indivíduos do gênero feminino: ter que ser forte até no seu momento de maior fraqueza e angústia, abandonada por todos e renegadas à condição de um ser humano que também necessita de ajuda. "Eu gostaria muito de ter o direito, eu também, de ser simples e muito fraca".